A brincadeira faz parte da vida de qualquer
criança, pois propicia um universo de descobertas e, segundo alguns
pesquisadores, ao brincar a criança assimila e pode transformar a realidade.
Desta forma, com a criança cega e baixa visão o
repertório não é diferente. É através da brincadeira que elas se movimentam e
se sentem independentes, desenvolvem os sentidos, adquirem habilidades para
usar o corpo e as mãos, interagem com o outro e o ambiente, reconhecem objetos
e suas características (textura, forma, tamanho, cor e som) e as tornam mais
ativas e curiosas. Também não podemos deixar de falar que o ato de brincar pode
favorecer momentos de integração entre a família.
Portanto, as brincadeiras e os brinquedos são de
extrema importância para o desenvolvimento de qualquer criança, seja quanto aos
aspectos motores, o físico, a mente, a autoestima, a afetividade, a
sociabilidade e reforçam as defesas imunológicas.
Diversas brincadeiras podem ser realizadas com a
criança deficiente visual, porém devemos adaptá-las para que possam aproveitar
o momento da melhor maneira possível e os brinquedos devem respeitar a faixa
etária da criança. Como por exemplo, para a criança cega se faz necessário o
uso de determinados materiais nos brinquedos como guizos, diferentes sons e
texturas, luzes, que chamem a atenção e despertem o interesse da criança. Assim
como devemos auxiliá-las a contornar os objetos com as mãos, o que possibilita
a exploração do brinquedo. Já nas crianças com baixa visão pode-se fazer o uso
de brinquedos com cores contrastantes (amarelo com preto, preto com branco)
e/ou de cores intensas, com desenhos de fácil compreensão e de tamanhos
favoráveis, isto possibilita estimular a visão e fazer com que a criança faça
melhor uso do resíduo visual.
Lembrando que as músicas infantis são muito
bem-vindas, pois incentivam à fala, à imaginação e a movimentação corporal.
- Serra-serra-dor: cantiga bem conhecida e que
favorece a movimentação corporal e o equilíbrio.
- Chocalhos de diferentes tamanhos e cores:
estimula a visão e audição da criança, por meio das cores de alto contraste e
dos sons produzidos em seu interior, além de propiciar atividades de
coordenação motora fina e visual.
- Jogos de encaixes de formas ou de animais :
possibilita a coordenação motora, o pareamento visual, orientação espacial, uso
do tato e o conhecimento.
- Jogo de bola com guizo ou bola com cores
contrastantes: possibilita a integração com outras crianças e trabalha
orientação espacial e do próprio corpo. A criança deve ser orientada que estão
em círculo e que chame o nome da criança para qual irá arremessar, assim fica
mais divertido e permite a participação de todos.
- Faz-de-conta: brincar de “mamãe e filhinha”, de
“super herói” e outras. Sendo que a criança cega deve ser incentivada e
ensinada a fazer esse tipo de brincadeira. Já a com baixa visão (leve e
moderada) pode aprender pela imitação.
- Esconde-esconde os objetos: fazer com que a
criança encontre objetos perdidos, atividade de grande incentivo visual, no caso
para as de baixa visão.
É importante ressaltar que ao término das
atividades, as crianças devem ser incentivadas a guardar os brinquedos, o que
contribui para a organização do ambiente.
Toda brincadeira pode ser possível, só depende da
criatividade de cada um.
Inclusão
de Crianças com Deficiência Visual nas Brincadeiras
Brincar e estimular a brincadeira com
as crianças que têm deficiência visual garante melhor desenvolvimento dos
pequenos.
Dicas de como brincar com a criança
com deficiência visual (cega ou com baixa visão)
– Use toques e voz suaves ao se
comunicar com a criança que tem deficiência visual, aproximando sua face do
rosto dele para que ela possa percebe-lo e toca-lo.
– Auxilie a criança a conhecer o
próprio corpo com toques enquanto nomeia cada parte tocada.
– Incentive que a criança siga em
direção ao som de brinquedos ou da sua voz. É interessante ter brinquedos que
emitam sons, como chocalhos, bolas e pelúcias com guizos.
– Brinque com a criança com
deficiência visual e incentive que outras pessoas também brinquem e interajam
com ela. Assim, ela se tornará mais sociável e receptiva, facilitando os
relacionamentos interpessoais.
– Imite os sons que seu bebê faz e
crie estímulos para que ele possa imita-lo. Isso auxiliará na comunicação.
– Se o bebê ainda não senta, coloque-o
de lado para manusear o brinquedo. Invista em brinquedos com texturas
diferenciadas, para estimular o tato e a percepção de diferentes objetos.
– Dê objetos à criança nomeando-os e
relacionando às possíveis ações que poderão ser feitas com este item. Exemplo:
“A bola. Pegue a bola. Chute a bola. Jogue a bola para cima”.
– Procure usar brinquedos
contrastantes, coloridos, luminosos, de diversas texturas e tamanhos.
– Propiciar momentos em que a criança
manipule e crie espontaneamente jogos a partir da exploração de objetos
concretos.
– Brincadeiras com miniatura de
objetos, como animais e meios de transportes, possibilitam que a criança tenha
uma melhor compreensão de objetos muito grandes ou impossíveis de serem alcançados
(casinha com telhado, elefante, caminhão, avião, fogão, geladeira).
– Vale incentivar brincadeiras
infantis com o uso das mãos, como dedo mindinho, seu vizinho; passa anel.
– Em jogos com bola, se não for
possível ter uma bola com guizo, envolva a bola com saco plástico, assim ela
fará barulho enquanto se desloca.
– Salte para o alto. Com a criança
agachada, segure em suas mãos e peça para ela se levantar ”bem forte e bem
alto”, ajudando com um leve “puxão“ para cima.
Jogos, brinquedos e brincadeiras para
fazer com as crianças cegas e com baixa visão
– Brincadeiras de roda: cantigas,
parlendas, rimas;
– Meu mestre mandou…Como sugestão, trabalhar o esquema
corporal com as crianças, solicitando que coloquem as mãos na cabeça, joelhos,
pescoço, cotovelo, barriga, pés, mãos, etc.
– O que é, o que é? Brincar de adivinhação utilizando as
mãos para descobrir a textura e formato dos objetos. Materiais como embalagens
de xampu, escova de dentes, talheres (colher e garfo), chaves, caneta/ lápis,
frutas, etc.
– Vai e vem – Brincar alternando a criança de lugar
é um estímulo à coordenação visuomotora
– Fantoches/Dedoches
– estes brinquedos estimulam a imaginação, linguagem e o
pensamento, além de favorecerem a comunicação e expressão de sentimentos
e emoções.
– Blocos de construção: Brincar com blocos favorecem o
desenvolvimento da atenção e concentração, associação de formatos e
tamanhos, desenvolvimento de movimentos amplos e finos, coordenação visuomotora
e noções de equilíbrio. Estes brinquedos também propiciam à criança a
satisfação de inventar, construir, desconstruir e transformar, estimulando a
criatividade.
– Massa de modelar – Estimula o desenvolvimento da
coordenação motora fina e a criatividade.
– Jogo da velha adaptado – Permite interação com quem não tem
deficiência visual.
– Jogo da memória tátil: Utiliza a percepção tátil e a memória
para reunir o maior número de peças.
– Manter as brincadeiras que incluam
brinquedos diversos como bonecas e carrinhos mantém a brincadeira das crianças
que não enxergam com as que enxergam, sentindo-se incluídas.
Outras brincadeiras que retomam a
infância dos pais e visa incluir as crianças nos momentos de lazer:
– Estátua;
– Passa anel;
– Centopéia;
– Telefone sem fio.
Brincadeiras fáceis de produzir
– Jogo de argolas: Estimula a percepção visuomotora, a
identificação de cores para as crianças com baixa visão e a relação número /
quantidade.
Confecção: Colocar uma porção de areia
no fundo de 10 garrafas descartáveis. Cortar tiras de papel crepom colorido e
colocar uma cor em cada garrafa. Recortar números de 1 a 10 em papel preto ou
fita adesiva preta e fixar cada número em uma garrafa. As argolas podem ser
confeccionadas com tampas de plástico ou anéis de fitas adesivas que encaixem
nas garrafas.
– Jogo de boliche: Estimula a percepção visuomotora, a
identificação de cores e a relação número x quantidade.
Confecção: Colocar uma porção de areia
no fundo de 10 garrafas descartáveis. Cortar tiras de papel crepom colorido e
colocar em cada garrafa uma cor.
Recortar números de 1 a 10 em papel
preto ou fita adesiva preta e fixar cada número em uma garrafa. As bolas podem
ser confeccionadas com meias velhas. E podem ter guizos em seu interior.
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