O que é deficiência visual?
A deficiência visual é definida como a perda total ou parcial, congênita ou adquirida, da visão. O nível de acuidade visual pode variar, o que determina dois grupos de deficiência:
- Cegueira - há perda total da visão ou pouquíssima capacidade de enxergar, o que leva a pessoa a necessitar do Sistema Braille como meio de leitura e escrita.
- Baixa visão ou visão subnormal - caracteriza-se pelo comprometimento do funcionamento visual dos olhos, mesmo após tratamento ou correção. As pessoas com baixa visão podem ler textos impressos ampliados ou com uso de recursos óticos especiais.
A construção de uma verdadeira sociedade inclusiva passa também pelo cuidado com a linguagem. Na linguagem se expressa, voluntariamente ou involuntariamente, o respeito ou a discriminação em relação às pessoas com deficiências.Ao longo dos anos, os termos que definem a deficiência foram adequando-se à evolução da ciência e da sociedade. Atualmente, o termo correto a ser utilizado é: Pessoa com Deficiência, que faz parte do texto aprovado pela Convenção Internacional para Proteção e Promoção dos Direitos e Dignidades das Pessoas com Deficiência, aprovado pela Assembléia Geral da ONU, em 2006 e ratificada no Brasil em julho de 2008.
Sobre deficiência visual no Brasil
Segundo a Organização Mundial da Saúde, as principais causas de cegueira no Brasil são catarata, glaucoma, retinopatia diabética, cegueira infantil e degeneração macular.Do total da população brasileira, 23,9% (45,6 milhões de pessoas) declararam ter algum tipo de deficiência. Entre as deficiências declaradas, a mais comum foi a visual, atingindo 3,5% da população. Em seguida, ficaram problemas motores (2,3%), intelectuais (1,4%) e auditivos (1,1%).Segundo dados do IBGE de 2010, no Brasil, mais de 6,5 milhões de pessoas têm alguma deficiência visual. Desse total:
- 528.624 pessoas são incapazes de enxergar (cegos);
- 6.056.654 pessoas possuem grande dificuldade permanente de enxergar (baixa visão ou visão subnormal);
Deficientes visuais por região
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Total
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% população local
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Norte
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574.823
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3,6
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Nordeste
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2.192.455
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4,1
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Sudeste
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2.508.587
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3,1
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Sul
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866.086
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3,2
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Centro-Oeste
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443.357
|
3,2
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A cada 5 segundos 1 pessoa se torna cega no mundo.Do total de casos de cegueira, 90% ocorrem nos países emergentes e subdesenvolvidos.Até 2020 o número de deficientes visuais poderá dobrar no mundo.Com tratamento precoce, atendimento educacional adequado, programas e serviços especializados, a perda da visão não significa o fim de uma vida independente e produtiva.* Dados World Report on Disability 2010 e Vision 2020A Organização Mundial da Saúde aponta que, se houvesse um número maior de ações efetivas de prevenção e/ou tratamento, 80% dos casos de cegueira poderiam ser evitados. Ainda segundo a OMS cerca de 40 milhões a 45 milhões de pessoas no mundo são cegas; os outros 135 milhões sofrem limitações severas de visão.Glaucoma, retinopatia diabética, atrofia do nervo ótico, retinose pigmentar e degeneração macular relacionada à idade (DMRI) são as principais causas da cegueira na população adulta. Entre as crianças as principais causas são glaucoma congênito, retinopatia da prematuridade e toxoplasmose ocular congênita.No convívio com deficientes visuais, deve-se agir com naturalidade, pois eles apresentam as mesmas características de qualquer pessoa, ou seja, eles PODEM CONVIVER SOCIALMENTE, estudando, trabalhando, tornando-se autossuficientes.
- Ao andar com uma pessoa cega, deixe que ela segure seu braço. Não a empurre: pelo movimento de seu corpo, ela saberá o que fazer.
- Ao estar com ela durante a refeição, pergunte-lhe se quer auxílio para cortar a carne, o frango ou para adoçar o café, e explique-lhe a posição dos alimentos no prato.
- Ao auxiliar a pessoa cega a atravessar a rua, pergunte-lhe antes se ela necessita de ajuda e, em caso positivo, atravesse-a em LINHA RETA, senão ela poderá perder a orientação.
- Se ela estiver sozinha, IDENTIFIQUE-SE SEMPRE ao se aproximar dela. Nunca empregue brincadeiras, como: "adivinha quem é?".
- Ao ajudá-la a sentar-se, coloque a mão da pessoa cega sobre o braço ou encosto da cadeira e ela será capaz de sentar-se facilmente.
- Ao observar aspectos inadequados quanto à sua aparência, não tenha receio em avisá-la discretamente a respeito de sua roupa (meias trocadas, roupas pelo avesso, zíper aberto etc.).
- Ao orientá-la, dê direções do modo mais claro possível. Diga DIREITA ou ESQUERDA, de acordo com o caminho que ela necessite. NUNCA use termos como "ali", "lá".
- Se conviver com uma pessoa cega, NUNCA deixe uma porta entreaberta. As portas devem estar totalmente abertas ou completamente fechadas. Conserve os corredores livres de obstáculos. Avise-a se a mobília for mudada de lugar.
- Se você for a um lugar desconhecido para a pessoa cega, diga-lhe, muito discretamente, onde as coisas estão distribuídas no ambiente e quais as pessoas presentes. Se estiver uma festa, veja se ela encontra pessoas com quem conversar, de modo que se divirta tanto quanto você.
- Ao apresentá-la a alguém, faça com que ela fique de frente para a pessoa apresentada, impedindo que a pessoa cega estenda a mão, por exemplo, para o lado contrário em que se encontra essa pessoa.
- Ao conversar com uma pessoa cega, fale sempre diretamente e NUNCA por intermédio de seu companheiro. A pessoa cega pode ouvir tão bem ou MELHOR QUE VOCÊ.
- NÂO EVITE as palavras "ver" e "cego": use-as sem receio.
- Ao afastar-se da pessoa cega, AVISE-A PARA QUE ELA NÃO FIQUE FALANDO SOZINHA.
A Organização Mundial da Saúde aponta que, se houvesse um número maior de ações efetivas de prevenção e/ou tratamento, 80% dos casos de cegueira poderiam ser evitados. Ainda segundo a OMS, entre 40 milhões e 45 milhões de pessoas no mundo são cegas; outros 135 milhões sofrem limitações severas de visão.No Brasil, segundo o Censo do IBGE de 2000 existem aproximadamente 148 mil pessoas incapazes de enxergar (cegos) e 2,5 milhões de pessoas possuem grande dificuldade permanente de enxergar (baixa visão).Glaucoma, retinopatia diabética, atrofia do nervo ótico, retinose pigmentar e degeneração macular relacionada à idade (DMRI) são as principais causas da cegueira na população adulta. Entre as crianças, as principais causas são glaucoma congênito, retinopatia da prematuridade e toxoplasmose ocular congênita.A importância da consulta oftalmológica. Este é o alerta da Fundação Dorina Nowill para Cegos. A avaliação oftalmológica permite a detecção de problemas visuais, o diagnóstico e a indicação do tratamento adequado para a garantia da saúde ocular.Para a ortoptista - especialista em tratar distúrbios visuais - Eliana Cunha Lima a prevenção parte de uma melhoria nas condições de vida da população que resulta em melhoria da saúde em geral, inclusive a ocular. Para evitar a cegueira na infância é importante ainda a vacinação de mulheres adultas, fundamental na prevenção da rubéola, do sarampo, da toxoplasmose, que podem levar doenças congênitas às crianças cujas mães a possuem. Já o adulto deve fazer o acompanhamento regular de doenças metabólicas e preexistentes, como pressão alta e diabetes, que também podem causar cegueira.Vale lembrar que um serviço especializado, na área de reabilitação, de educação especial ou de clínica de visão subnormal, oferece à pessoa com deficiência visual, de todas as faixas etárias, tratamento adequado às suas necessidades, proporcionando condições para um desenvolvimento pleno, de acordo com seu potencial individual e situação social, educacional e econômica, visando a sua inclusão social.
Cuidados com a visão na infância
- Seguir corretamente o pré-natal, porque existem doenças, como rubéola, sífilis e toxoplasmose, que podem causar cegueira ou visão subnormal no feto.
- Realizar exame oftalmológico no recém-nascido sempre que for observada qualquer alteração ocular, como: olhos muito grandes, lacrimejamento intenso, mancha branca na menina dos olhos.
- Vacinar periodicamente a criança para evitar doenças que possam causar problemas visuais, como sarampo, rubéola, meningite, varíola etc.
- Usar medicações e colírios somente com indicação médica.
- Deixar fora do alcance das crianças produtos de limpeza, objetos pontiagudos (facas, arame, tesoura), fogos de artifício e plantas tóxicas.
- Procurar um médico ao entrar ciscos ou fagulhas nos olhos. Não esfregar nem retirar com a ajuda de objeto caseiro.
- Usar cinto de segurança no trânsito e colocar crianças no banco traseiro.
- Colocar óculos de proteção no trabalho e em casa, sempre que lidar com substâncias perigosas: inseticidas, ácidos, poeira e principalmente ao trabalhar com solda.
- Fazer aconselhamento genético em caso de casamento consanguíneo.
Os recursos são todo e qualquer item, equipamento ou parte dele, produto ou sistema fabricado em série ou sob medida utilizado para aumentar, manter ou melhorar as capacidades funcionais das pessoas com deficiência. Os serviços são definidos como aqueles que auxiliam diretamente uma pessoa com deficiência a selecionar, comprar ou usar os recursos acima definidos.
Recursos
Podem variar de uma simples bengala a um complexo sistema computadorizado. Estão incluídos brinquedos e roupas adaptadas, computadores, softwares e hardwares especiais, que contemplam questões de acessibilidade, dispositivos para adequação da postura sentada, recursos para mobilidade manual e elétrica, equipamentos de comunicação alternativa, chaves e acionadores especiais, aparelhos de escuta assistida, auxílios visuais, materiais protéticos e milhares de outros itens confeccionados ou disponíveis comercialmente.
Serviços
São aqueles prestados profissionalmente à pessoa com deficiência visando selecionar, obter ou usar um instrumento de tecnologia assistiva. Como exemplo, podemos citar avaliações, experimentação e treinamento de novos equipamentos. Os serviços de tecnologia assistiva são normalmente transdisciplinares envolvendo profissionais de diversas áreas.
No Brasil, encontramos também terminologias diferentes que aparecem como sinônimos da tecnologia assistiva, tais como "ajudas técnicas", "tecnologia de apoio", "tecnologia adaptativa" e "adaptações".
BRINCADEIRAS E BRINQUEDOS PARA CRIANÇAS COM DEFICIÊNCIA VISUAL
A brincadeira faz parte da vida de qualquer criança, pois propicia um universo de descobertas e, segundo alguns pesquisadores, ao brincar a criança assimila e pode transformar a realidade.
Desta forma, com a criança cega e baixa visão o repertório não é diferente. É através da brincadeira que elas se movimentam e se sentem independentes, desenvolvem os sentidos, adquirem habilidades para usar o corpo e as mãos, interagem com o outro e o ambiente, reconhecem objetos e suas características (textura, forma, tamanho, cor e som) e as tornam mais ativas e curiosas. Também não podemos deixar de falar que o ato de brincar pode favorecer momentos de integração entre a família.
Portanto, as brincadeiras e os brinquedos são de extrema importância para o desenvolvimento de qualquer criança, seja quanto aos aspectos motores, o físico, a mente, a autoestima, a afetividade, a sociabilidade e reforçam as defesas imunológicas.
Diversas brincadeiras podem ser realizadas com a criança deficiente visual, porém devemos adaptá-las para que possam aproveitar o momento da melhor maneira possível e os brinquedos devem respeitar a faixa etária da criança. Como por exemplo, para a criança cega se faz necessário o uso de determinados materiais nos brinquedos como guizos, diferentes sons e texturas, luzes, que chamem a atenção e despertem o interesse da criança. Assim como devemos auxiliá-las a contornar os objetos com as mãos, o que possibilita a exploração do brinquedo. Já nas crianças com baixa visão pode-se fazer o uso de brinquedos com cores contrastantes (amarelo com preto, preto com branco) e/ou de cores intensas, com desenhos de fácil compreensão e de tamanhos favoráveis, isto possibilita estimular a visão e fazer com que a criança faça melhor uso do resíduo visual.
Lembrando que as músicas infantis são muito bem-vindas, pois incentivam à fala, à imaginação e a movimentação corporal.
A Fisioterapeuta dos serviços especializados da Fundação Dorina, Daniele Lopes, lista abaixo algumas brincadeiras que podem ser realizadas com as crianças deficientes visuais, confira:
- Serra-serra-dor: cantiga bem conhecida e que favorece a movimentação corporal e o equilíbrio.
- Chocalhos de diferentes tamanhos e cores: estimula a visão e audição da criança, por meio das cores de alto contraste e dos sons produzidos em seu interior, além de propiciar atividades de coordenação motora fina e visual.
- Jogos de encaixes de formas ou de animais : possibilita a coordenação motora, o pareamento visual, orientação espacial, uso do tato e o conhecimento.
- Jogo de bola com guizo ou bola com cores contrastantes: possibilita a integração com outras crianças e trabalha orientação espacial e do próprio corpo. A criança deve ser orientada que estão em círculo e que chame o nome da criança para qual irá arremessar, assim fica mais divertido e permite a participação de todos.
- Faz-de-conta: brincar de “mamãe e filhinha”, de “super herói” e outras. Sendo que a criança cega deve ser incentivada e ensinada a fazer esse tipo de brincadeira. Já a com baixa visão (leve e moderada) pode aprender pela imitação.
- Esconde-esconde os objetos: fazer com que a criança encontre objetos perdidos, atividade de grande incentivo visual, no caso para as de baixa visão.
É importante ressaltar que ao término das atividades, as crianças devem ser incentivadas a guardar os brinquedos, o que contribui para a organização do ambiente.
Toda brincadeira pode ser possível, só depende da criatividade de cada um.
O aluno DV pode e deve participar das aulas de Ed. Artística de muitas formas diferentes. A aula de Artes é essencialmente importante, por ser um modo através do qual ele pode expressar seus sentimentos e sua percepção do mundo. Ela pode ajudá-lo na formação dos conceitos e das imagens mentais das coisas que ele não vê, no desenvolvimento da sua criatividade e senso estético. É também nesta aula, que ele pode trabalhar, mais especificamente, com a coordenação motora fina e com a mobilidade dos seus dedos e mãos, muito necessários para ele, mas pouco trabalhados devido aos movimentos contínuos e rígidos da escrita Braille. Ele vai precisar dessa mobilidade para aprender a assinar seu nome e para perceber melhor, pelo tato, os objetos. Outro aspecto que pode ser trabalhado na Educação Artística é a exploração de diferentes relevos, formas e texturas, o que lhe é agradável e importante para o aprimoramento das suas capacidades perceptivas e organização mental dos objetos do mundo. Encontra-se, a seguir, uma lista de atividades, que o professor poderá usar como ponto de partida ou referência para o trabalho com seu aluno DV, mas que, certamente, será ampliada através do seu conteúdo e experiência próprias e da intenção com a pessoa com a qual ele pretende, especialmente, trabalhar.
a) colagem como por exemplo, bolinhas de papel que ele mesmo amassa, forma já cortadas em isopor, cartolina, papel camurça, etc (você pode contornar um desenho com barbante para que ele preencha os espaços). obs.: para o aluno DV é muito difícil cortar com tesoura, por ser uma atividade que depende muito da visão, por isso as formas devem vir cortadas.
b) enfiagem.
c) pintura com giz de cera em espaços delimitados com barbante (* você cola barbante ou "fio urso" no contorno do desenho, que deve ter formas simples para ser mais facilmente percebido pelo aluno). Obs.: muitos detalhes e figuras complexas são de difícil percepção pelo ato. Na dúvida, feche seus olhos e tateie o desenho que você fez, para ter noção do grau de dificuldade, e consulte o seu aluno.
d) trabalhos com massa de modelar, argila ou barro.
e) construção com toquinhos de madeira (o aluno vai colando um no outro).
f) construção com toquinhos, raspas de madeira e serragem sobre uma base de papelão. g) construção de formas ou figuras humanas com material de sucata, por exemplo: rolos de papel higiênico para montar um palhaço, cujo olho, boca, chapéu, etc., você já entrega cortado para que ele cole.
h) atividades para trabalhar com o esquema corporal, por exemplo: contornar partes do corpo no papel (mão, pé), confeccionar um boneco, em tamanho natural, com meias finas, enchendo as meias com bolas de jornal amassado, moldando a forma das pernas e quadril numa, noutra o tórax e braços e numa outra a cabeça; vesti-lo com roupas velhas.
i) pintura a dedo com tinta guache ( você pode trabalhar as cores com ele, ensinando com o que se relaciona cada cor, qual o contraste, a combinação, etc., até para ajudá-lo na escolha do seu vestuário.
j) mosaico com pedaços de tecido de texturas diferentes.
k) colagem com flores, folhas e galhos secos.
l) explorar uma flor natural, mostrando parte por parte e, depois, trabalhar, com colagem, a reprodução de uma flor no papel.
m) confeccionar objetos de formas diversas, com material variado, por exemplo, porta-copos, quadrinhos, etc.
n) contornar o desenho de um peixe (ou índio, bandeira nacional, etc) com barbante, dar as escamas cortadas em papel para que eles colem, explicando cada parte do peixe.
o) fazer esculturas com colagem de bolas de papel de tamanhos diversos.
p) desenhar com giz de cera sobre uma folha de papel oficio colocada sobre uma prancheta de madeira encapada com tela de mosquiteiro (o que dá um certo relevo - perceptível ao tato - ao que ele desenhou). O material que pode ser usado é muito rico; o professor deve, antes de iniciar a atividade proposta, explorá-lo bem com seu aluno, enfatizando a riqueza de detalhes, formas, texturas, cores (para os que vêem cores), beleza. Para o aluno cego, a textura é a "cor" do objeto, pois as diferenças percebidas pelo tato fazem um paralelo com as nuances de cor que a lhe proporcionaria, por isso a textura pode ser ricamente explorada nos trabalhos com DV. Se o aluno tem algum resíduo visual, pergunta à ele suas dúvidas sobre como encaminhar melhor as atividades. Isso é válido também para o aluno cego: juntos, você e seus alunos, podem descobrir mil maneiras de trabalhar durante as aulas.
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